Caos e Cosmos - Casa de Euterpe
É
madrugada deste 15 de abril de 2014 e muitos dormem.
Os
leitos acomodam pessoas que passaram o dia em atividades diversas. Estas trabalhando,
aquelas estudando, mas, todas, invariavelmente, preocupadas e ocupadas com as
coisas de seu dia-a-dia. Ocuparam-se com as tarefas que precisavam concluir,
com as atividades relacionadas à família, com os afazeres sociais.
Ao
se deitarem para repousar no fim do dia, provavelmente pensaram na agenda da
jornada seguinte, ou no planejamento de eventos de médio prazo: uma viagem, uma
aquisição. Houve quem pensasse em um relacionamento, nas tarefas escolares dos
filhos, nos compromissos financeiros.
É
crível que nessa mesma madrugada, em determinados leitos existam aqueles
insones, preocupados com inúmeras e diversas coisas. Quaisquer que sejam seus
pensamentos ou suas atividades noturnas, todas elas parecem, àqueles que os
emitem ou as executam, de extrema importância e necessidade. Aparecem como fundamentais
à vida e é possível que nada mais além delas seja tomado em consideração.
Assim,
os que adormeceram ou os que estão despertos entendem que seus afazeres,
problemas, ideias, peculiaridades, prioridades são de extraordinário valor. Dificilmente
alguém os convenceria do contrário, pois todos nós temos a tendência de nos
colocarmos no centro do Universo, ao criarmos nosso mundo particular e a ele
darmos importância absoluta.
É
verdade ainda que são raras as vezes que conseguimos observar algo que vá para
além dessa limitada fronteira individual. Agimos como se fossemos mesmo o
centro da galáxia e que todo restante orbita, ou deveria orbitar, ao nosso
redor.
Todavia,
nesse mesmo instante uma dança cósmica acontece lá fora.
Selene
veste-se de vermelho em um deslumbrante balé. Lentamente, muda seu traje
prateado e nasce a Lua Sangrenta. Ao seu lado, Marte a custodia. O Deus da
Guerra monta guarda aos pés da Deusa da Noite e essa magistral aparição pode
ser vista por nós, mortais.
Selene,
Gaia e Hélio (Lua, Terra e Sol) ficaram em perfeito alinhamento em obediência à
coreografia do Supremo Artista.
A
contemplação desse espetáculo silencioso dá-nos pálida ideia da grandeza da
Criação Divina e da absoluta relatividade de nossas próprias criações,
ocupações e preocupações.
É
interessante notar que apesar de estupendo, o balé sideral reveste-se de
simplicidade, despretensão e humildade. Não faz alarde de sua própria beleza,
não se arrouba e não procura chamar atenção de ninguém. Simplesmente atua. E,
em pese o silêncio do qual se cerca e a suavidade com que age, é possível ouvirmos
a música das esferas que o rodeia e sentirmos a imensa força de dali emana.
Diante
da beleza que se descortina no imenso cenário da vida, tudo se desfaz. Aquilo que
nos parecia grandioso, torna-se insignificante. Ao observarmos o mover dos
astros e sua total harmonia, cremos profundamente que há algo infinitamente superior
a tudo aquilo que consideramos vital.
Ocorre
que ao mesmo tempo que em vemos o quão pequeno somos e o quão pequenas são as
nossas prioridades, sentimos que fazemos parte desse Todo. Sentimos que somos
eternos como o Espírito que o move o prodígio. Sentimos que fazemos parte desse
espetáculo e que somos todos atores da vida atuando no mesmo cenário universal.
Ao
experimentarmos essa unidade, podemos ter ideia da harmonia que tudo rege e
convicção de que somos UM.
É
assim que, enfim, conseguimos adentrar no ensinamento de Blavatsky que diz: “O universo é a combinação de milhares de
elementos, e contudo é a expressão de um simples espírito – um caos para os sentidos,
um cosmos para a razão”.
Casa
de Euterpe
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