Retrato - Millôr Fernandes
Comendo em cantos
Desconfiado
Quente e lustroso
Curvo e sedoso
Esgar de boca
Rasgado grito
Quando assustado
Bigode hirto
Andar felino
E feminino
Olhar que acende
À luz que apaga
A ronroneira
Quando ressona
O encolhimento
Antes do salto
Filosofia
Do dia-a-dia
Falso abandono
Ante seu dono
Um ódio eterno
A seu inimigo
Expressão mística
De um Egito antigo
Olhos de outrora
Se entramos tarde
Da madrugada
Se é dia claro
Ou é luz morna
Quando entardece
Tem infantil
Uma pata esquerda
Que rola a bola,
Que rola o rolo
Que furta o bolo.
Esse o retrato
De um bicho esquivo
Chamado gato.
Curvo e sedoso
Esgar de boca
Rasgado grito
Quando assustado
Bigode hirto
Andar felino
E feminino
Olhar que acende
À luz que apaga
A ronroneira
Quando ressona
O encolhimento
Antes do salto
Filosofia
Do dia-a-dia
Falso abandono
Ante seu dono
Um ódio eterno
A seu inimigo
Expressão mística
De um Egito antigo
Olhos de outrora
Se entramos tarde
Da madrugada
Se é dia claro
Ou é luz morna
Quando entardece
Tem infantil
Uma pata esquerda
Que rola a bola,
Que rola o rolo
Que furta o bolo.
Esse o retrato
De um bicho esquivo
Chamado gato.
Millôr Fernandes
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