A Boneca de Kokoschka
“(...) É tornando-nos muitos que chegamos a ser todos, que é
o Todo e que é o Um. O homem tem de ser visto de vários ângulos ao mesmo tempo,
sobrepostos. O mesmo homem deve ser cheio de incoerências e anacronismos e deve
saber como viver com isso. Colocarmo-nos no lugar dos outros, dos inimigos, dos
amigos, dos ladrões, das putas, dos ministros, dos taxistas, dos engenheiros,
dos embusteiros, dos generosos, dos selvagens, dos mentirosos, dos avessos, dos
miseráveis, dos budistas, dos banqueiros, dos anarquistas,, dos pilotos de
aviões, dos porcos, dos santos, dos cristãos, dos vizinhos, dos loucos, dos
abomináveis, de todos, todos sem exceção, até dos familiares longínquos e próximos.
Todos dentro de nós para que nos seja fácil compreender aquelas diferenças e
eventualmente encontrar uma paz no meio dessa tensão.”
In A Boneca de Kokoschka
Afonso Cruz
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