As Nova Musas - Casa de Euterpe



Todas as vezes que abordamos temas relacionados à mitologia é importante estabelecermos o significado do mito antes de iniciarmos o assunto propriamente dito. Muitos são os autores que escreveram a respeito do mito e da mitologia. Entre eles encontram-se Blavatsky, Francisco Taboada, Joseph Campbell.

Assim, é com base nesses autores que definiremos o significado de mito, mitologia e símbolo. Após tais definições falaremos a respeito das Musas.

1. Mito

O que é o mito? A mitologia? O símbolo?

No dizer de Francisco Andrés Taboada, estudar as antigas tradições é algo apaixonante, mas de modo algum se deve pensar que os deliciosos contos e lendas de heróis e fadas sejam apenas fantasias destinadas a alimentar a imaginação infantil. Há, em cada um deles, uma essência oculta, algo velado que porta um conhecimento.

A grande aventura é lançar-se em busca do enigma que subjaze no interior da lenda. Mas não se deve pensar que seja tarefa fácil extrair segredos do mais profundo abismo, aquilo que é enigma do símbolo.

Diz, ainda, o autor que é preciso estabelecer um diálogo com os mitos e as lendas. É preciso saber que desde o começo da investigação, eles permanecerão na mente do investigador de forma quase constante, o qual não deve privar-se desse acontecimento edificante e também vivificante.

Sempre, ante o velado, devemos assumir uma atitude de aceitação, caso contrário não receberemos nada. Assim, quando estamos diante de um símbolo que está submetido à nossa atenção, devemos ter estrito controle sobre nossa inteligência, pois ela sempre resiste a consentir a possibilidade de que esse símbolo nos esteja ensinando algo e assim pode fazer fracassar de maneira total nosso trabalho.

É a intuição criadora e não a inteligência que fará contato com aquilo que o símbolo quer expressar.

Cada símbolo contém algo vivo, um mistério que até nossos dias em grande medida foi ignorado. Por isso, para compreender o essencial do mito, primeiro deve se superar todo preconceito. Em cada obra, cada saga, em cada tradição podem-se ocultar algum elemento simbólico.

Disse o imperador Juliano que “o que nos mitos se apresenta como inverossímil é precisamente aquilo que nos abre o caminho da Verdade. Efetivamente, quanto mais paradoxal e extraordinário é um enigma, mais parece advertir-nos para não confiar na palavra nua, mas a padecer em torno da Verdade oculta.”

Joseph Campbell escreve que os mitos ensinam que podemos nos voltar para dentro e, a partir desse retorno, começarmos a captar a mensagem dos símbolos. Diz, também, que mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana; são metáforas da potencialidade espiritual do ser humano; abrem o mundo para a dimensão do mistério, para a consciência do mistério que subjaze a todas as formas. Dessa forma, é importante que cada indivíduo encontre um aspecto do mito que se relacione com sua própria vida.

Na obra Mitologia – Lendas e Mitos de Todo o Mundo, os autores destacam que “considerando que o mito é uma linguagem espiritual, se for corretamente decodificado, poderá abrir um universo a todos os que tenham ouvidos para escutar.”

Taboada, Campbell e demais obras citadas são corroborados pelo ensinamento de Helena P. Blavatsky (HPB).

Em Simbolismo e Ideografia, a autora insiste em que “nenhuma narrativa mitológica, nenhum acontecimento tradicional das lendas de um povo, em qualquer época, representou simples ficção, mas possui, cada qual, um fundo histórico verdadeiro.” Assim, firma o entendimento de que as tradições e as mitologias contêm verdades históricas e não são, conforme preconizam alguns mitólogos, tendências supersticiosas dos antigos.

HPB alerta, também, que, embora os mitos representem verdades históricas, os mesmos não devem ser interpretados literalmente. Destaca que, por exemplo, “aceitar a letra morta da Bíblia vale por incidir em um erro mais grosseiro e supersticioso que os já produzidos pelo cérebro de um selvagem das ilhas dos mares do Sul.” Assim, chama a atenção para o fato de que os símbolos, ao permearem os textos mitológicos, comportam várias interpretações e relacionam-se com diversas ciências.

Dessa feita, símbolos de vários países compreendem cada qual uma idéia ou uma série de idéias especiais, formando coletivamente um emblema esotérico. A história religiosa e esotérica de cada povo encontra-se entranhada nos símbolos, nunca expressa literalmente. Neste aspecto, até uma parábola é um símbolo falado: uma representação alegórica de realidades da vida, de acontecimentos e de fatos.

Ainda, HPB in Glossário Teosófico diz que “comumente se entende por mito uma fábula ou ficção alegórica, que encerra no fundo uma verdade geralmente de ordem espiritual, moral ou religiosa. (...) Os mitos têm um duplo significado. Muitos deles resultam em realidades e a maior parte não são invenções, mas transformações, pois têm como ponto de partida fatos reais. ‘Os mitos – diz atinadamente Pococke -, está provado agora, são fábulas na mesma proporção em que os compreendemos mal e são verdades na proporção em que eram compreendidos noutro tempo. Os mitos tiveram e têm ainda, para as massas populares, o valor de dogmas e realidades e constituem as bases das religiões exotéricas.’ (...) Para todo pensador é de suma importância examinar, com a maior atenção, os mitos sob todos os aspectos, aplicando-lhes cada uma das sete chaves, e descobrir as verdades transcendentais ocultas no fundo de tais ficções.”

Até o momento compreendemos que o mito constitui verdade histórica, que é permeado de símbolos. Ainda, que estes símbolos devem ser entendidos e interpretados de forma não literal e traz em si um enigma.

Além disso, vimos que:
  • todo mito revela um símbolo que subjaze em seu interior;
  • o símbolo é, na verdade, a linguagem do mito que, por sua vez, é uma linguagem espiritual;
  • para entendermos esse símbolo é necessário que nos dispamos de todo preconceito para que nossa intuição criadora faça contato com aquilo que o mito quer expressar;
  • cada indivíduo deve, nesse contato, encontrar um aspecto do mito que se relacione com sua própria vida de forma a encontrar pistas para as suas próprias potencialidades espirituais.A partir desse entendimento, podemos iniciar nosso tema que, hoje, respeita às Musas.

2. Origem das Musas

Após a vitória dos deuses do Olimpo sobre os seis filhos de Urano, conhecidos como titãs, foi solicitado a Zeus que criasse divindades capazes de cantar a vitória e perpetuar a glória dos Olímpicos. Zeus então partilhou o leito com Mnemósine (filha de Urano e Gaia), a deusa da memória, durante nove noites consecutivas e, um ano depois, Mnemósine deu à luz nove filhas em um lugar próximo ao Monte Olimpo. Criou-as ali o caçador Croto, que depois de sua morte foi transportado, pelo céu, até a constelação de Sagitário.

As Musas cantavam o presente, o passado e o futuro e protegiam uma certa arte ou ciência. Viviam no Monte Olimpo com seu líder, o deus Apolo. Com ele permaneciam jovens e belas eternamente, e com ele aprenderam a cantar. Além de ver o futuro, o que poucos deuses podiam fazer, tinham também o dom de banir toda tristeza e dor. Tinham vozes agradáveis e melódicas e freqüentemente cantavam em coro. Musa é uma palavra que vem do grego moûsa; dela derivam museu que, originalmente significa "templo das musas", e música que significa "arte das musas".

As nove Musas são as seguintes:

· Calíope (bela voz): musa da eloqüência e da poesia épica. Seus símbolos são a tabuleta e o buril. É representada sob a aparência de uma jovem de ar majestoso, a fronte cingida por uma coroa de ouro. Está ornada de grinaldas, com uma mão empunha uma trombeta e com a outra, um poema épico. Foi amada por Apolo, com quem teve dois filhos: Himeneu e Iálemo. E também por Eagro, que desposou e de quem teve Orfeu, o célebre cantor da Trácia.

· Clio (a que confere fama): musa da história. Tem como símbolos o clarim heróico e a clepsidra (relógio de água). Costuma ser representada sob o aspecto de uma jovem coroada de louros, tendo na mão direita uma trombeta e na esquerda um livro intitulado "Tucídide". Aos seus atributos acrescentam-se ainda o globo terrestre sobre o qual ela descansa, e o tempo que se vê ao seu lado, para mostrar que a história alcança todos os lugares e todas as épocas.

· Érato (a que desperta desejo): musa do verso erótico. É uma jovem ninfa coroada de mirto e rosas. Com a mão direita segura uma lira e com a esquerda um arco. Ao seu lado está um pequeno Amor que beija-lhe os pés.

· Euterpe (a que dá júbilo): musa da poesia lírica. Tem por símbolo a flauta, sua invenção. Ela é uma jovem, que aparece coroada de flores, tocando o instrumento de sua invenção. Ao seu lado estão papéis de música, oboés e outros instrumentos. Por estes atributos, os gregos quiseram exprimir o quanto as letras encantam àqueles que as cultivam.

· Melpômene (a cantora): musa da tragédia. Usa máscara trágica e folhas de videira. Empunha a maça de Hércules e é o oposto de Tália. O seu aspecto é grave e sério, sempre está ricamente vestida e calçada com coturnos.

· Polímnia (a de muitos hinos): musa dos hinos sagrados e da narração de histórias. Costuma ser apresentada em atitude pensativa, com um véu, vestida de branco, em uma atitude de meditação, com o dedo na boca.

· Tália (a festiva): musa da comédia. Veste uma máscara cômica e porta ramos de hera. É mostrada por vezes portando também um cajado de pastor, coroada de hera, calçada de borzeguins e com uma máscara na mão. Muitas de suas estátuas têm um clarim ou porta-voz, instrumentos que serviam para sustentar a voz dos atores na comédia antiga.

· Terpsícore (a que adora dançar): musa da dança. Também rege o canto coral e porta a cítara ou a lira. Apresenta-se coroada de grinaldas, tocando uma lira, ao som da qual dirige a cadência dos seus passos. Alguns autores fazem-na mãe das Sereias.

· Urânia (celeste): musa da astronomia. Tem por símbolos um globo celeste e um compasso. Representam-na com um vestido azul-celeste, coroada de estrelas e com ambas as mãos segurando um globo que ela parece medir, ou então tendo ao seu lado uma esfera pousada em um tripé e muitos instrumentos de matemática. Urânia era a entidade a que os astrônomos e astrólogos pediam inspiração.

3. As Nove Musas e suas diversas expressões

As Musas ensinam-nos a harmonia e a unidade dentro da pluralidade de todas as Artes – uma harmonia como em uma grande família espiritual. São seres sagrados, muito antigos e poderosos, muito sábios e cheios de amor para como os seres humanos.

Todas as culturas as conheceram, ainda que por outros nomes. Não devemos fazer-lhes uma imagem, pois são forças coletivas em planos mais elevados da consciência que não podemos alcançar facilmente.

Assim, por não ser possível estabelecer apenas uma imagem dessas personagens, abordaremos sua influência sob sete aspectos:
  • As Musas e a comunicação com os arquétipos;
  • As Musas como inspiração;
  • As Musas como catarse;
  • As Musas como disciplina;
  • As Musas como fator educativo, formativo e transformador;
  • As Musas e a ética;
  • As Musas e o ato místico.
3.1. As Musas e a comunicação com os arquétipos
O termo arquétipo é usado por filósofos neoplatônicos, como Plotino, para designar as idéias como modelos de todas as coisas existentes, segundo a concepção de Platão. Nas filosofias teístas (sustenta a existência de um deus) o termo indica as idéias presentes na mente de Deus.

No Glossário Teosófico, Blavatsky dispõe que arquétipo significa o tipo ideal, abstrato, ou essencial e que o termo é geralmente aplicado às manifestações nas esferas arûpa (sem forma) do mundo mental.

As nove Musas são os veículos que nos permitem melhor entender a comunicação com os arquétipos. São elas que fazem a conexão entre o pensamento do artista e arquétipo existente no mundo Ideal. Como filhas de Mnemósine e Zeus nos torna mais fácil compreender o que significa nossa origem divina.

3.2. As Musas como inspiração

Inspiração significa animar com uma idéia ou um propósito. Em teologia refere-se a uma divina influência direta e imediatamente exercida sobre a mente ou a alma. Ora, é a inspiração o que move o artista. Sem esse elemento ele não cria e são as nove Musas as responsáveis por essa chama, porque são elas as forças mágicas dessa inspiração em cada artista.

Naturalmente, não inspiram qualquer um. É preciso, para tanto, ser amado por elas. As Musas amam aqueles que se põem ao seu serviço, com um coração cheio de amor para com a Beleza, a Verdade e a Ordem – arquétipos com os quais elas facilitam o contato, como já visto.

O amor do artista para com a Beleza, a Verdade e a Ordem constrói um canal pelo qual as Musas se expressam por meio da obra que ele realiza. Nesse caso, o artista deve transmitir sua obra para outras pessoas como forma de reverenciá-las.

3.3. As Musas como catarse

Catarse do grego kátharsis significa purgação, purificação, limpeza. Na psicologia representa o efeito salutar provocado pela conscientização de uma lembrança fortemente emocional ou traumatizante, até então reprimida.

No conceito teorizado por Aristóteles é o efeito moral e purificador da tragédia clássica, cujas situações dramáticas, de extrema intensidade e violência, trazem à tona os sentimentos de terror e piedade dos espectadores, proporcionando-lhes o alívio, ou purgação, desses sentimentos: é a purificação das almas por meio da descarga emocional provocada por um drama.

Assim, existem algumas Musas que têm ligações com essa força catártica do teatro mistérico, especialmente Melpómene, a Musa da Tragédia. Ela ocupa-se dessa força de purificação psíquica e mental assim como de redenção espiritual.

3.4. As Musas como disciplina

A palavra disciplina tem a mesma etimologia da palavra discípulo, que significa "aquele que segue". Derivando de discípulo, tanto uma quanto outra palavra, tem origem no termo latino para pupilo que, por sua vez, significa instruir, educar treinar, dando idéia de modelagem total de caráter. Assim, a palavra disciplina significa a disposição em seguir ensinamentos e regras de comportamento.

As nove Musas inspiram o exercício da disciplina, porque nas artes (música, poesia, tragédia, comédia, dança) isso é o que mais se exige para que as mesmas possam ser executadas com perfeição. Sem disciplina não há perfeição, não há ordem, não há harmonia.

3.5. As Musas como fator educativo, formativo e transformador

As Musas são móveis para a força transformadora por meio da educação e da formação, porque são entidades espirituais que provocam no artista uma crise iniciática capaz de fazê-lo superar o encantamento com:

a) o prazer que a arte proporciona-lhe;

b) a sua própria técnica;

c) a sua própria criatividade.

Todo esse encantamento conduz, indubitavelmente, ao orgulho e são as Musas que lhe ajudam e inspiram a superar essas imperfeições.

Essas quatro imperfeições possuem, logicamente, caráter exemplificativo, visto que existem outras.

3.6. As Musas e a ética
Ética, do grego ethos, significa, em seu conceito filosófico, a unidade dentro do homem. Essa unidade interna, relacionada com o equilíbrio do quaternário, é alimentada pelo cultivo das virtudes.

As nove Musas estão, assim, relacionadas à Ética, porque trazem virtudes extraordinárias ao artista. Ora, se a unidade interna é alcançada, justamente, quando as virtudes são alimentadas, cria-se, dessa, um “círculo virtuoso”, de forma que as Musas incentivam as virtudes e estas alimentam a Ética.

3.7. As Musas e o ato místico

Ato Místico é todo aquele ato que é feito com boa intenção e eficácia. Deve fazer crescer o ser humano e ser conduzido em função de interesses humanos. Por isso, é necessário que apresente duas características: boa intenção e eficácia.

O que é boa intenção? É realizar, fazer florescer em si próprio o Divino, o Sagrado, por meio de toda e qualquer experiência. A eficácia possui duas dimensões: elevação de consciência e bom resultado. Assim, as nove Musas têm relação com o Ato Místico, porque a unidade inseparável entre elas representa uma realidade espiritual que se reflete misteriosamente na alma de cada artista. As nove Musas são a ponte entre a arte o rito. Inspiram o Ato Místico.

Um dos perigos que ronda o artista é o preconceito de que a inspiração das Musas seja meramente um ato psíquico, um fato que ocorre em sua personalidade mortal. Ora, a força mística das Musas nunca reflete uma inspiração pessoal. Ao contrário disso, a inspiração advinda delas é uma explosão que ilumina campos espirituais insuspeitos e isso enche o artista de entusiasmo e, ao mesmo tempo, queima brutalmente seus auto-encantamentos.

4. Conclusão

Percebemos que as Musas inspiram, orientam, protegem, acompanham os artistas. E quem é o artista?

O artista pode ser definido como a pessoa que revela engenho ou talento no desempenho de suas tarefas[1]. Ora, em algum aspecto todos temos talento ou engenho. Depende apenas da atividade ou da tarefa que nos propomos a desenvolver. Seja exercendo a medicina, construindo edifícios, escrevendo, declamando, dirigindo ou costurando, sempre haverá uma atividade em que nosso talento poderá ser demonstrado. Nesse aspecto, portanto, todos somos artistas. Assim, todos somos inspirados e tocados pelas Musas, embora a maioria das vezes não nos damos conta disso.

Todavia, de que serve essa inspiração? Para produzirmos resultados, quaisquer que sejam eles, apenas pelo resultado em si?

Não. Esse não é o objetivo da inspiração advinda das Musas. Essa inspiração deve ser utilizada para que nos recordemos, por meio da Arte, sempre, de que somos Seres Divinos. Mnemósine – mãe de todas as Musas – é a divindade que protege os deuses contra os perigos do esquecimento. Suas filhas repetem para o mundo dos seres humanos essa ação protetora, justamente para que recordemo-nos de nossa origem divina e não nos percamos neste contexto em que estamos inseridos.

Utilizando a inspiração das musas para que recordemo-nos de que somos Seres Divinos e, sabedores disso, cumpre-nos trabalhar para que o Sagrado cresça em nosso interior. De que forma?

Vivendo um Ideal. A vivência de um Ideal é a forma mais prática de se conectar com o Divino e de expressar o Sagrado, fazendo-o crescer em nosso ser.

Mas no que se constitui o Ideal?

Platão definiu Ideal como “o ser que mora em uma dimensão superior de onde está nossa consciência corrente. (...) O Ideal é o modelo celeste que chama e reclama da sua sombra terrestre uma cada vez maior perfeição para parecer-se com ele o mais possível. É, portanto, uma finalidade e demarca um caminho, uma linha de tensão da consciência entre seu lugar natural e seu lugar superior escolhido, pois a consciência espiritual tende a identificar-se com o Ideal.

Assim, ele que “puxa” o homem para cima. É necessário que o ser humano idealize o que quer ser e, a partir dessa idealização, trabalhe para construir-se a si mesmo. É necessário que o ser humano trabalhe para o atingimento do Ideal.

Como se trabalha para atingir o Ideal?

Trabalhar em busca do Ideal é trabalhar para algo concreto. As experiências são iguais, mas podemos reagir de forma diferente diante delas, apesar de tudo. Assim, apesar dos vícios e dos obstáculos que nos permeiam devemos fazer aquilo que é necessário fazer. Os vícios não devem ser tomados como identidade e os obstáculos devem ser transformados em provas. Apesar deles, podemos construir o futuro que almejamos. O homem é o que é, embora a existência de vícios e obstáculos. Superá-los é renovar-se.

Para essa renovação, é preciso que se tenha uma imagem própria, fixa no futuro e uma conduta coerente com essa imagem. Toda a perfeição – inspirada pelas Musas – que o homem imagina é ele mesmo no futuro. O seu alcance depende apenas de cada indivíduo e de mais ninguém.

Ideal, dessa feita, não é ideologia. Inspira tudo o que o ser humano tem de Divino. Assim, saber aonde se quer chegar constitui o Ideal. Mas, em que ponto cada um está no momento? A resposta a esta pergunta é fundamental para poder chegar a algum lugar.

Como se é no presente? Devem ser identificados, por cada indivíduo, seus próprios pontos de desequilíbrio para que sejam trabalhados no aqui e no agora. Ou se constrói, ou não se tem coisa alguma. Nada é dado nessa encarnação. Tudo deve ser adquirido conscientemente. As experiências cotidianas devem ser transformadas em oportunidades de elevação. Toda e qualquer experiência. O homem nasce para crescer. Portanto, deve ser ele senhor das circunstâncias e não viver a mercê delas.

Dessa forma, pode-se falar em Ideal Humano: ver o Divino em tudo o que se faz. Esse é o propósito filosófico.

Ora, é fato, portanto, que a tradução do Sagrado dá-se por meio do Ideal. Ele é como um ponto do qual a luz é irradiada. O caminho para a luz, que é feito em muito tempo, deve ser percorrido por todo indivíduo. Por isso, é importante ser filósofo de modo a aproveitar todas as experiências do contexto em que se está inserido para aumentar a intensidade do contato com o Divino.

Aproveitemos a inspiração das Musas para isso!

Bibliografia

BLAVATSKY, Helena Petrovna. Doutrina Secreta – Vol. II. Editora Pensamento. São Paulo. 2006.

BLAVATSKY, Helena Petrovna. Glossário Teosófico. Editora Ground. São Paulo. 2004.

BULFINCH, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia – Histórias de Deuses e Heróis. Ediouro. São Paulo. 2002.

CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. Editora Palas Atenas. São Paulo. 2005.

CAMPBELL, Joseph. O Herói de Mil Faces. Editora Cultrix/Pensamento. São Paulo. 2007.

DIVERSOS, autores. Mitologia – Mitos e Lendas de todo o Mundo. Global Book Publishing. Austrália. 2003.

TABOADA, Francisco Andrés. Excalibur e os Mistérios Iniciáticos. Belo Horizonte. Editora Nova Acrópole. 2001.

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[1] Dicionário Aurélio – versão eletrônica.

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