Sonho X Ilusão - Casa de Euterpe



Derivada do verbo latino illudo "divertir-se", "recrear-se", mas também "burlar'', ''enganar''. O verbo latino era formado pelo prefixo in- e o verbo ludo ''jogo''. De ludo derivou-se uma ampla família de palavras, como lúdico, (relativo ao jogo) eludir (escapar jogando), alusão (hoje significa menção, referência, porém inicialmente era broma ou joguete), o nome do delito de colusão (pacto ilícito contra um terceiro), interlúdio (intervalo em um jogo ou representação teatral), e prelúdio (o que antecede uma representação). Em espanhol, iludir e, mais tarde, ilusionar foram evoluindo com a denotação "causar uma impressão enganosa" ou "suscitar a esperança de algo desejável", ou seja, suscitar uma ilusão, porém atualmente se reserva à primeira o matiz de "burlar", "enganar mediante uma ilusão".

Ilusão, conforme a etimologia, significa burla, engano, engodo. Dessa forma, não pode ser confundida com sonho. Essa confusão é comumente feita, uma vez que chamamos de sonho o que não passa de mera ilusão. Está encerra-se em si mesma. Compraz-se com sua própria existência e não tem necessidade de ser realizada. São as quimeras com as quais muitas vezes nos deleitamos e perdemos preciso tempo.

Ao contrário, a principal característica do sonho é o seu poder de realização. O sonho pode e deve ser realizado. É um exercício de imaginação. A imaginação é um poder humano que utiliza a mente como ferramenta. Desenhamos uma imagem na mente, criamos uma situação e, em seguida, traçamos planos objetivos de realização. O sonho é exatamente isso.

Por exemplo: sonho com uma boa casa. Posso imaginar onde quero que ela se situe, como desejo que seja a construção, o jardim, o terraço... e a partir daí traço um plano de ação para chegar lá. Estabeleço prazo para que isso aconteça e trabalho sem descanso até consegui-lo. Ao final, é possível adquirir a almejada casa e ver o sonho realizado.

A ilusão é: “quero uma boa casa” e uso meu tempo criando quimeras de que alguém possa me convidar para um bom emprego (onde eu ganharia o suficiente para ter a casa), ou que eu ganhe na loteria e possa adquiri-la. E por ai vai... A chance de que esse intento se realize sem uma ação concreta e direta é zero. Mas a ilusão se alimenta dessa vã esperança e vai crescendo a ponto de satisfazer-se apenas com a sensação de se estar na casa pensada. Conforme sua etimologia, é uma brincadeira, um jogo de imagens que jamais serão concretizadas. Representa um ralo de energia que, com o tempo, nos esgota as forças e nos impede de realizarmos os verdadeiros sonhos.


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