Ninguém dá o que não tem... - Casa de Euterpe
É
interessante como, ao longo do tempo, vamos observando o desenrolar da vida e
aprendendo com essa mestra inigualável. Ela nos ensina a todo momento, embora
muitas vezes não consigamos entender que as circunstâncias são, na verdade,
lições que generosamente nos são apresentadas pela natureza.
Inúmeros
são os ensinamentos e pode-se falar acerca deles por uma eternidade, mas eu
gosto muito daquele que se resume no seguinte: ninguém dá o que não tem!
Muito
simples de entender racionalmente e extremamente difícil de levar ao coração. Digo
isso, porque é apenas com o passar das experiências que vamos integrando este
dito. E até que o façamos de forma satisfatória, “muita água passou por baixo
da ponte”... .
Quero
dizer com isso que costumamos criar expectativas gigantescas em relação às
pessoas e projetar-lhes atitudes que, na esmagadora maioria das vezes, não condizem
com aquilo que as mesmas são capazes de oferecer. E não são capazes porque
simplesmente aquilo que esperamos que elas façam ou sintam ou pensem não faz
parte de seu repertório de vida.
É
simples assim: as pessoas são o que são e não aquilo que gostaríamos que elas
fossem. É obvio, dirão alguns. Óbvio sim, mas dificilmente considerado no
desenrolar das relações e das aproximações pessoais.
Posso
afirmar que esse conceito ainda não está integrado em nosso íntimo, porque caso
o tivéssemos integrado, diminuiríamos muito nossas frustrações, pois aprenderíamos
a não esperar do próximo aquilo que gostaríamos, mas entenderíamos o que ele é
capaz de dar. Entenderíamos que cada um tem seu momento, sua história e suas
possibilidades. Deixaríamos de exigir que as pessoas cumprissem com nosso
ritual particular de ansiedade, de especulações e de fantasias.
Caso
tivéssemos integrado esse conceito, veríamos o outro como ele realmente é, sem
projetar-lhe nossas próprias necessidades, carências e exigências. E ao vê-lo
como um ser único e despido de nossas expectativas, talvez fossemos capazes de entendê-lo
e amá-lo no limite de suas próprias necessidades e não das nossas.
Caso
tivéssemos integrado esse conceito, seriamos capazes de uma verdadeira relação,
pois da forma como agimos, a relação que se dá é com um ser que criamos e que é
um espelho de nós mesmos.
Caso
tivéssemos integrado esse conceito, poderíamos exercitar a generosidade e
diminuir o grau de egoísmo, pois passaríamos a enxergar o que está ao nosso
redor de forma mais clara e objetiva, sem a nuvem de nossos conceitos e
preconceitos e nossa atenção voltar-se-ia para algo que está para além de nós mesmos.
Caso
tivéssemos integrado esse conceito, aprenderíamos com o outro, pois veríamos o
que ele realmente pode nos oferecer.
Enfim,
caso tivéssemos integrado esse conceito veríamos a maravilhosa diversidade de
opções que a vida nos oferece e entenderíamos o que Ravana, em seu testamento,
diz a Rama, no épico Ramayana: Ó Narayana, olha, eu olhei... maravilhei-me...
Os Homens são minas, os Homens são minas preciosas...
Casa de Euterpe
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