O Dom da Esperança - Casa de Euterpe

Art by Holly Sierra


Certo dia pela manhã, estava sentada à mesa da cozinha observando meu irmão cozinhar. Enquanto conversávamos eu olhava pela janela e vi um pardal que ia e vinha no espaço do jardinzinho que tenho no fundo de casa. Cada vez que vinha, ele pegava uma folha do bambuzeiro do jardim. Provavelmente está construindo o ninho. Cada vez que pousava na planta, colhia uma folha verde e voava com ela presa no bico.

A visão da folha verde despertou-me a ideia de escrever acerca da Esperança, esse dom que, descoberto há milhares de anos dentro da mítica caixa de Pandora, continua sendo essencial ao homem!

Iconograficamente, a Esperança é representada por uma mulher vestida de verde, levando um lírio em uma das mãos. Essa representação nos diz muito a respeito desse dom.

A cor verde do vestido da jovem, é mediadora entre o equidistante azul celeste e o vermelho infernal – absolutos e inacessíveis -, é tranquilizadora e humanitária. O verde é o despertar da vida. A cada primavera, depois do inverno provar o homem em sua solidão e precariedade, desnudando e gelando a terra que ele habita, esta se reveste de um novo manto verde que traz de volta a Esperança de um novo ciclo. Um novo ciclo onde as oportunidades que a vida nos proporciona poderão ser aproveitadas como valiosas lições para desenvolvimento de nossa humanidade, pois o verde é a cor das ervas que nos dão a Esperança de uma boa colheita no tempo certo.

O lírio é sinônimo de brancura e a cor branca pode situar-se nas duas extremidades da gama cromática. Assim, pode representar tanto o início, quanto o fim; tanto a vida, como a morte. Nesse aspecto, o dom da Esperança nos desperta o ânimo para o trabalho enaltecedor quer seja no plano concretou ou no sutil. É por Esperança de uma vida que tenha significado que não nos deixamos abater pelo caminho e é por Esperança de que a morte é a continuidade daquilo que construímos em vida que não nos quedamos inertes e inativos.

Por sua vez, a flor é prenúncio dos frutos e, vendo-a, temos, então, a Esperança de colher aqueles que nos serão ofertados pela Natureza. É essa Esperança que nos gera a certeza de que nada foi, é ou será em vão. A convicção de que tudo o que fizermos produzirá frutos e que a qualidade destes dependerá da qualidade da semente, da nobreza do plantio e das virtudes do agricultor e nada mais.

A mulher é gestadora, geradora e doadora da vida. Dessa forma, representa a Esperança de um novo porvir, de um novo mundo, de um novo homem. Homem novo cuja visão estará voltada novamente para os valores fundamentais que o caracterizam como tal, como Homem. Estará voltada para a generosidade e não mais para o egoísmo; para a união e não mais para a separatividade; para o amor e não mais para a paixão; para a fraternidade e não mais para as tendências factoides; para a beleza e não mais para o mau gosto; para a bondade e não mais para a iniquidade; para a inocência e não mais para a malícia; para a pureza e não mais para a opacidade e para a falta de definição…

Esperança é, assim, esperar. É ter paciência e fé. Ambas nos permitem superar o momento presente e focar nossas energias para a construção desse futuro mais límpido, mais claro, mais humano.



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