Tenho Medo... - Casa de Euterpe
Durante esta última semana tive
algumas experiências que me fizeram refletir acerca do medo. Questionei-me
acerca que algumas questões relacionadas a esse sentimento, pois tenho
observado que ele se encontra cada vez mais disseminado no momento histórico
que vivemos.
Para termos essa percepção não é
necessária qualquer ordem de reflexão. Basta ligarmos a televisão e assistirmos
a apenas um de seus telejornais; basta conectarmos a internet e “passarmos os
olhos” nos títulos das notícias que ocupam a esmagadora maioria dos portais de
notícias; basta comprarmos o jornal do dia e ali veremos estampada na primeira
página manchetes que matariam de medo os mais suscetíveis.
Assim, é clara a constatação de
que persiste uma forma de difusão negativa para o público: a que produz medo. É
certo que devemos estar prevenidos acerca de alguns fatos, e aplicar os
recursos necessários para evitar alguns males. Todavia, uma coisa é o medo
natural, advindo do instinto de preservação e outra é o pânico.
Ora, o medo que difere do pânico é
um estado psicológico da alma e também um mecanismo natural que promove a
elevação das defesas humanas e de toda a natureza. O medo pintou olhos de
coruja nas asas das borboletas para espantarem os pássaros que as destroem; o
medo dos predadores ambientou o camaleão com suas múltiplas cores; o medo do
frio inspirou os homens a confeccionarem roupas; o medo de doenças fê-los
buscar os remédios adequados; o medo das águas inspirou-os a construir pontes
monumentais; o medo dos fenômenos naturais impulsionou-os a edificar magnificas
habitações. Então é importante que entendamos que o medo é bom e construtivo.
Quem poderia dizer, honestamente,
que não tem medo de nada? Se formos coerentes conosco mesmos não podemos
afirmar tal coisa. Assim, há tantos medos quanto há pessoas, e cada um de nós
os apresentará segundo nossas características.
Agora, em relação ao pânico
indiscriminado e desmedido, os antigos filósofos ensinaram-nos que todo excesso
é mau.A falta de medo foi concebida como temeridade, caminho seguro para a
destruição. Mas o excesso de medo é ainda mais perigoso, pois não só destrói os
corpos como envilece as almas, degrada-as, tira-lhes a alegria e os sonhos,
tornando-as impotentes a todo tipo de criação e de aperfeiçoamento. O medo em
excesso confunde e estupidifica. As atitudes de não-enfrentamento faz-nos
estacionar no ponto em que estamos.
A covardia, ou excesso de medo,
converte-nos em um joguete de todas as violências e injustiças, escraviza-nos e
humilha-nos. Facilita a qualquer adversidade a nossa destruição total.
Assim, não podemos confundir o
medo natural e o pânico inexplicado e desmedido, pois no âmago do primeiro – se
é um medo “vivo” e não paralisante – está a força que nos ajudará a sair dele.
Do mesmo modo que no coração da escuridão está a chispa que se converterá em
luz. Nesse aspecto, a máxima egípcia que diz: “Tem medo e isso está bem.
Somente os vaidosos e os imbecis ignoram o medo. Desse temor nasce uma força
capaz de vencê-lo.”
O medo só paralisa quando lhe
damos valor definitivo: existe medo e nada mais que medo. Ele abre passo para o
valor quando é devidamente enfrentado: é preciso aprender a ver os perigos,
reais ou imaginários, para saber com o que ou com quem combatemos. O medo,
nesse caso, é um convite à coragem. Quando sabemos o que tememos, podemos atuar
para crescer e ocupar o lugar daquilo que nos amedronta.
Quando vencemos o medo, podemos
controlar a nós mesmos e abrir caminho entre as adversidades do mundo circundante,
no campo físico, psicológico, mental e espiritual. Lembremos que vencendo o
medo, o homem construiu as pirâmides do Egito, o Pártenon de Atenas e de Roma;
escreveu a Ilíada e a Odisséia, a Bíblia, o Bhagavad Gîtâ, a Divina Comédia e o
Dom Quixote. Pintou a Capela Sistima; compôs a Tetralogia de Wagner, a 9ª
Sinfonia; esculpiu a Pietá, descobriu a América e pôs os pés na Lua.
Assim, vencendo o medo
conquistaremos a nós mesmos e, por consequência, tudo aquilo que nos propusemos
a conquistar!
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