Uma Questão de Poder - Casa de Euterpe

Art by Tomasz Alen Kopera
É muito difícil escrever acerca deste tema, pois em relação a ele encontramos duas posições diametralmente distintas: em um polo existem aqueles que o idolatram e, no outro, aqueles que o repudiam.
O grupo de pessoas que idolatram o poder busca exercê-lo a todo custo e a qualquer preço. É o exercício do poder pelo poder. E o mesmo pode ser sobre um país, uma organização, uma pessoa. Sim, há aqueles que se comprazem em exercer esse atributo sobre uma pessoa apenas. Essa atitude dá-lhes a sensação de controle, de domínio e serve para fortalecer personalidades muitas vezes débeis.
Outra circunstância interessante de ser observada em relação a esse polo é o fato de que a grande maioria das pessoas que é alçada a uma posição de poder, o é de forma pouco meritória. Ainda que não admitam, poucos são aqueles que constroem essa situação e a ela fazem jus. Poucos são os legitimados para tanto. Por esse motivo, precisam lançar mão de diversos e variados artifícios para se manterem onde entendem ser seus lugares de direito. E essa atitude gera um eterno e imutável círculo vicioso de arranjos e concessões pouco recomendáveis e que contribuem para a perpetuação de situações que causam o repúdio que caracteriza o outro polo dessa dicotomia.
Essa segunda vertente é formada por pessoas que repudiam o poder e o vêm como um malefício, um vício e, portanto, como algo que deve ser combatido. Nesse grupo encontramos indivíduos que se declaram avessos ao poder e que em nenhuma situação gostariam de exercê-lo, ainda que fosse por alguns minutos.
Assim, como o primeiro grupo tem apenas a sensação de controle ou de domínio, pois é sabido que ninguém controla ninguém que esteja consciente de si próprio, este segundo tem a sensação de isenção, uma vez que se recusando a exercer qualquer tipo de poder, julga-se incapaz de cometer atos que poderiam ser considerados reprováveis.
Ali temos o controlador; aqui, o indiferente. Nenhuma dessas posições é razoável, pois limitam ou anulam o exercício do poder, uma vez que o mesmo é entendido como uma manifestação externa e que pode ser concedido ao homem. Se pode ser concedido, é forçoso concluir que também pode ser retirado.
Não concordo com essas possibilidades.
É interessante notar que a palavra PODER deriva do latim possum, potes, potŭi, posse - "poder, ser capaz de". Significa, entre outras coisas, “ter a faculdade ou a possibilidade de” e “possuir força física ou moral”.
Assim, a etimologia da palavra me autoriza a concluir que tem poder aquele que “pode”. Aquele que “é capaz de realizar algo”, bem como quem tem “estatura moral para tanto”. O poder, portanto, jamais foi algo externo a nós próprios. Jamais foi algo que precisa de ser conquistado. O poder é, isto sim, algo interno ao homem e em momento algum se pode cogitar em conquistá-lo, mas em despertá-lo! Não pode ser objeto de outorga e, portanto, uma vez conquistado, não pode ser retirado.
Helena Petrovna Blavatsky, filósofa russa do século XIX, ensina que “é uma lei eterna que o homem não pode ser redimido por um poder exterior a si mesmo”.
Assim, perdemos tempo quando buscamos este predicado nas circunstâncias exteriores e lutamos para conquistá-lo, pois ninguém conquista o que não tem ou o que não desperta em si mesmo. Também perdemos tempo quando nos recusamos a exercê-lo, porque quando agimos dessa forma, abrimos mão de um atributo pessoal e inalienável. Abrimos mão de fazer brotar as sementes latentes que, por lei universal, trazemos em nosso íntimo.
São poderes do homem a vontade, a fortaleza, o trabalho, o ritmo, a disciplina, a ordem... e todas as demais virtudes. Ter sucesso ou fracasso; ser próspero ou não; ser feliz ou triste; ser líder ou não são apenas consequências da conquista daquelas virtudes eternas e atemporais. Quanto mais virtude desperta e em exercício, mais força moral e, consequentemente, mais poder.
Entendendo que toda virtude é um poder latente que necessita ser desperto, entendemos também que esse é o verdadeiro e único poder pelo qual vale a pena trabalhar, pois uma vez alcançado, jamais poderá ser retirado ou questionado. Sua legitimidade vem de nossa força moral e sua legitimação não se dá pela aquiescência alheia, mas pelas ações que somos capazes de realizar em sua busca e manutenção.

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